Era 2009 quando a Elisa viu sua vida virar. Mãe de uma filha de 4 anos, professora de dança do ventre e casada com um personal trainer, ela viu as dificuldades financeiras invadirem a sua família.
Com muito medo de ser despejada do apartamento que morava em Porto Alegre, ela torceu para que um milagre acontecesse. E ele aconteceu.
No mesmo ano, seu marido recebeu uma proposta para trabalhar em Abu Dhabi, a capital dos Emirados Árabes Unidos.
A Elisa nunca tinha pensado em morar fora do Brasil. Não até que as dificuldades surgissem e o destino desse um empurrãozinho. Por isso, ela diz que não foi a família que escolheu o país para onde foram, foi ele que os escolheu.
Na época o acesso à internet e as informações eram muito diferentes dos tempos atuais e a decisão foi tomada sem tantos detalhes. O marido foi em julho e somente três meses depois ela conseguiu embarcar com a filha.
Para isso, vendeu tudo o que tinha e foi apenas com malas de roupas e brinquedos.
E quando desembarcou em uma madrugada úmida com a filha, se emocionou ao ver o marido esperando com um lindo buquê de flores e um ursinho de pelúcia.
De cara, ela sentiu muito calor, parecia estar entrando em uma sauna. E na primeira semana no início da sua jornada fora do país de origem, ela ficava olhando na janela do apartamento para ver as pessoas e o trânsito.
Assustou o fato de não ver mulheres na rua e tudo ter cor de areia. Mas, ela sentia que já vivia ali, pois não teve dificuldades de adaptação em relação às pessoas e a língua.
Morava em um apartamento maravilhoso e tinha tudo o que precisava, mas algumas dificuldades começaram a surgir com o passar do tempo.
As coisas começaram a ficar mais caras, as leis mais severas e a pressão imposta pela competitividade da vida nos Emirados alavancou.
E ao mesmo tempo em que ela viu o país se desenvolver em muitos aspectos, sua família aumentou com a chegada da sua segunda filha.
Sentiu na pele as diferenças que vão desde a culinária, até a liberdade de viajar sem precisar da autorização do empregador e a proibição de consumir bebidas alcoólicas e danças em alguns lugares públicos.
Com isso, mesmo em um país com tantas nacionalidades presentes convivendo no dia a dia, se sentiu sozinha. Afinal, a vida nos Emirados não facilita novas amizades, já que as pessoas costumam morar pouco tempo no país e vivem uma rotina muito corrida.
Mas, mesmo sem uma rede de apoio, a Elisa soube tirar de letra essa questão, pois veio de uma família pequena e soube lidar com a solidão. Aos poucos, fez amizade com algumas famílias, que acabaram se mudando, mas a ajudaram no período que moraram no país.
Para lidar com o estresse diário e a falta de tantas conexões, realizava algumas noites da pizza às terças-feiras e assistia séries e filmes às sextas.
Além disso, a família sempre preferiu ficar em casa e como uma boa gaúcha, ela nunca dispensou o churrasco de domingo. Mas, não é um simples churrasco. Ele conta com a mesma salada de batata que sua avó fazia e a ensinou.
Por falar em comida, a culinária brasileira, com prato feito, lanches e rodízios é uma das coisas que ela mais sente falta. E quando ela fecha os olhos e pensa no Brasil, lembra da beira da praia, da caipirinha, do milho verde e da casa dos avós, que já não estão entre nós, mas ajudaram a construir lindas memórias.
Para a Elisa, a vida nos Emirados foi sempre uma jornada de muitas conquistas. A maior delas, talvez tenha sido aprender outras línguas, conhecer diferentes culturas e várias partes do mundo.
Praticou sua profissão, fez uma transição de carreira e aprendeu a ser mais tolerante. Além disso, viveu o desafio de ajudar as filhas a entenderem sua própria identidade, ou seja, o que é ser brasileiro, pois lidar com uma cultura dentro de casa fora do contexto é muito desafiador.
E mais de 15 anos depois, ela olha para trás e consegue enxergar que tudo o que passou no Brasil a ajudou a levantar e lutar por algo melhor para não passar aperto novamente. Mas se alguma dificuldade acontecer, ela está pronta para tentar tirar o lado mais positivo dela.
Não se imagina morando no Brasil novamente, até mesmo por falta de segurança. Mas, a vida nos Emirados também não faz mais parte dos planos da família, pois quer proporcionar mais qualidade de vida e relações sociais para si mesma e para as pessoas que mais ama.
Por isso, batalhou desde 2019 para se mudar de lá. Agora, está a menos de dois meses como residente no Texas, nos Estados Unidos, onde deseja construir um futuro cheio de sonhos e conexões.
Ou seja, uma nova página em branco para uma pessoa cheia de histórias. E se tem algum conselho que ela daria para quem deseja viver essa aventura, é ter um bom planejamento. Mas, se é para expressar o que toda essa experiência significou para ela, não pensa duas vezes antes de dizer: “Tchê! Eu participei da construção de um país. Que loucura!”
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