Cores vibrantes, fortes e modernas. Essa poderia ser a definição de viver em Nova York. Mas, é sobre a Ana Carol.
Mulher brasileira que trouxe ainda mais cor para cada espaço da Time Square.
Feliz e sempre sorrindo, ela se sente muito orgulhosa de trazer seu calor para as ruas de concreto da Big Apple.
Ana deixou sua terra natal em busca de novas oportunidades, seguindo os passos de tantos outros que foram atraídos pelo chamado da América. Mas enquanto caminha pelas movimentadas avenidas, um sentimento persistente a acompanha: a saudade da sua mãe.
O desejo de viver em Nova York, além da vontade de ter melhores condições e da relação conturbada em sua casa, foram essenciais para que ela procurasse abrigo do outro lado do mundo.
Sempre gostou de estudar inglês. Antenada, ouvia músicas e assistia séries anotando cada nova palavra que surgia. Trabalhou como secretária, instrutora de crianças e em lojas no Brasil. E uma parte de cada salário era investido em seu sonho em ser au pair.
Pensou muito antes de decidir. Olhava para sua mãe em uma relação que não considera saudável com seu padrasto e pensava em ficar. A própria mãe a incentivou a ir. E sabendo que não havia mais nada a ser feito, ela foi.
O grande problema da Ana com o marido de sua mãe, sempre foi pensar que ele não a ajudava em casa financeiramente, já que não parava em trabalho nenhum.
Mas, até para ajudar a mãe a sair dessa situação, a Ana precisou sair primeiro.
E assim, pegou uma mala cheia de conhecimentos e sonhos e voou.
Assim que chegou, estranhou o ritmo da cidade. Além disso, percebeu que talvez seu inglês não fosse tão bom quanto imaginava. Gostou da sua “nova família” logo de cara, mas depois percebeu que nada substitui o calor humano e o afeto brasileiro.
Se sentia muito sozinha. Cumpria sua jornada de trabalho e se trancava no quarto.
Para lidar com a ansiedade de viver em Nova York sem a família, passou a ler e acompanhar pessoas que falavam sobre o assunto. Além disso, passou a correr ao ar livre e a cuidar da alimentação, pois sempre foi uma super fã de fast food.
No começo, quando saía nas ruas de Lower Manhattan, chorava e queria voltar ao Brasil. Mas, a vontade de voltar nunca foi maior que o motivo que a fez ir. Então, a Ana Carol buscou se fortalecer e aos poucos, fez novas amigas. Cada uma de um país diferente. Aos fins de semana, elas costumam se reunir em parques para fazer piqueniques e ficarem falando sobre suas experiências. Afinal, ninguém entende melhor a Ana do que mulheres que também estão enfrentando toda a dor e a delícia de viver em um país que não é o seu.
Nos momentos de solidão, ela fecha os olhos e se vê no Brasil, abraçando seu irmão. Ela sente falta do cheiro e do gosto da comida da mãe, da risada das tias e das conversas nos almoços. Não tem jeito, uma parte do seu coração continua do outro lado do oceano.
No começo da sua jornada, ela evitava as chamadas de vídeo que hoje são quase diárias. Esse é um dos combustíveis para continuar lutando por um futuro melhor. Mas, o que antes era uma saída financeira, acabou se tornando muito mais, pois ela enxerga que está construindo uma nova vida.
E nessa vida tem espaço para a saudade, mas não para as dúvidas. Por isso, ela quer continuar tentando o que for possível para ter a vida que sempre sonhou. Em uma casa branca, com espaço para os cachorros e onde o quarto principal não é o dela, mas sim, o da sua mãe.
Uma mulher que trabalhou a vida toda para criar dois filhos sozinha e que anos depois acabou se casando novamente. Que agora vem demonstrando mais vontade do que nunca de buscar sua liberdade e se priorizar como sua filha sempre insistiu. Uma mulher linda, que emprestou alguns de seus principais traços para Ana.
E toda vez que ela olha no espelho, ela pode se sentir mais próxima das suas origens. Todo esse amor a ajudou a conviver com a saudade, pois ela sabe que, embora esteja longe fisicamente, sua família continua sendo sua âncora e seu refúgio seguro em meio à tempestade da vida na cidade que nunca dorme.
Cada sucesso alcançado, cada obstáculo superado, é dedicado àqueles que acreditaram nela desde o início, que a incentivaram a voar mesmo quando seus corações estavam tristes com sua despedida.
Por muitas e muitas noites, enquanto a cidade dormia, a Ana acordava. Fazia as contas, via tudo que tinha banco e anotava o quanto ainda precisava para dar aquela força em casa.
Aos poucos algumas oportunidades surgiram desde que decidiu viver em Nova York. E tudo começou a melhorar. Assim, ela foi realizando coisas que talvez nem imaginasse. Comprou um novo computador, um celular, guardou e enviou dinheiro para sua família. Visitou lugares que só via em filmes e já foi algumas vezes para a Disney com os seus pais americanos.
Mas, toda vez que abre a janela do seu quarto e olha para as estrelas, ela é tomada pela lembrança de quando fazia isso com a sua mãe e seu irmão. E mesmo distante, parece estar pertinho deles.
Porque ela entendeu, que no final das contas, a saudade não é só uma ausência, mas sim, a manifestação de um amor que ultrapassa as fronteiras.
E aí, dia após dia, a Ana Carol deseja continuar onde está. Mas, visualiza uma nova realidade, onde tem sua casa, atende seu telefone e ouve sua mãe falar:
– Filha, estou indo!
Gostou de conhecer a história da Ana? Então, que tal enviar para outras mulheres que desejam viver em Nova York.
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*Por questões de privacidade, utilizamos nomes fictícios para contar esta história.