Viver na China, onde tudo parece tocar o céu e acontecer em um ritmo acelerado, uma realidade para a calma e espiritualizada Mari.
Uma paulista determinada em busca de novas experiências e desafios. Se no Brasil seus dias eram cheios de dúvidas, em Xangai ela acabou encontrando algumas certezas.
A vontade de desbravar novas possibilidades e garantir um futuro melhor, a levou tão longe. Foi através de uma amiga que já morava na China, que ela conseguiu agilizar todo o seu processo.
Mas, nem só de alegria a experiência de viver na China foi feita.
No começo, tudo parecia estranho. Nas noites silenciosas de Xangai, quando as ruas ecoavam apenas com o sussurro do vento e as luzes da cidade pareciam mais distantes do que nunca, ela se sentia muito sozinha.
As paredes do seu quase minúsculo apartamento viam as lágrimas silenciosas que ela derramava, enquanto ansiava por um abraço reconfortante e por palavras de conforto que só a sua família poderia oferecer
Aos poucos, ela foi entendendo que viver em uma terra estrangeira não era apenas uma aventura empolgante, mas também uma jornada repleta de desafios e aprendizados.
Desde que chegou, seus dias eram preenchidos por sorrisos radiantes no elegante hotel onde trabalhava, enquanto suas noites eram embaladas pela cultura que ela sempre admirou.
Mas, desde 2018 ela nunca escondeu o sentimento de saudade da sua família brasileira. Sim, viver na China sempre foi um sonho, mas a vontade de abraçar seus pais e suas irmãs sempre fez parte do seu dia.
Além disso, Mari enfrentou diariamente barreiras linguísticas, choques culturais e a inevitável sensação de ser uma estranha em uma terra totalmente desconhecida ao escolher morar no exterior.
Mas, o que não estava tão bom, chegou a piorar, pois além da solidão, a Mari, que vive lá há mais de 5 anos, enfrentou momentos muito difíceis, especialmente durante a pandemia que abalou o mundo e começou por lá.
E quando tudo começou, a saudade se transformou rapidamente em uma preocupação incontrolável.
Se antes visitar a família em São Paulo era difícil, durante o isolamento tornou-se praticamente impossível.
E enquanto Xangai se fechava em quarentena e as ruas que eram tão movimentadas se tornavam desertas, a Mari se viu em um labirinto de incertezas.
A preocupação com sua família no Brasil aumentava a cada dia, ecoando em seu coração. As notícias distantes, as redes sociais e as vozes nas chamadas de vídeo eram tudo o que ela tinha para se conectar em tempo indeterminado.
O mundo parou e a Mari também precisou parar. Investiu em cursos para aprimorar o inglês, gravava vídeos da sua rotina na China, mas nada tirava a preocupação que sentia.
Então, fez uma promessa. Prometeu que assim que tudo passasse, ela voltaria ao Brasil para passar as férias com a família.
Mas, infelizmente, nem todos estariam nesse momento. Afinal, o coronavírus acabou levando mais que a nossa liberdade, já que também nos tirou tantas pessoas boas e amadas.
A Mari soube de longe, que duas pessoas que amava muito não resistiram ao vírus.
Com isso, ela se viu cada vez mais preocupada. Seu coração era inundado de medo de perder mais alguém. A esperança ficava cada vez mais distante e foi nesse momento que ela reforçou a sua fé.
E entre uma chamada de vídeo e outra, as coisas foram caminhando. A vacina saiu na China, depois no Brasil e a esperança de reencontrar a sua família e retomar a sua vida reacendeu.
O mundo ainda não tinha voltado ao normal e a Mari ainda estava abalada emocionalmente por toda a pressão dos anos anteriores. Mas, em meio a essa tempestade de emoções, ela acabou encontrando um motivo para sorrir.
Um jovem canadense, de sorriso gentil e olhos brilhantes, cruzou seu caminho durante uma saída ao parque.
E unidos pela saudade de suas famílias, Mari e seu novo amor encontraram conforto um no outro, compartilhando medos, histórias e sonhos.
Juntos, exploraram os recantos escondidos de Xangai, mergulharam na rica cultura chinesa e construíram planos, com um futuro incerto, mas cheio de possibilidades.
Assim, ela descobriu que o amor pode ser a cura para alma e que pode ajudar a preencher dias vazios.
Além do namorado, as amigas de Xangai ajudaram a acalmar o coração da brasileira que sentia tanta saudade da família.
Aliás, à distância, a Mari participou de muitos momentos familiares. Viu a irmã mais nova terminar um casamento e acompanhou a gravidez da irmã mais velha, que sempre sonhou ser mãe.
Tudo isso, através do mundo virtual, que se transformou na ponte entre ela e sua família tão amada. A cada chamada de vídeo e a cada mensagem de texto, ela se agarrava desesperadamente às vozes e aos rostos queridos que invadiam a tela do seu telefone.
Com isso, teve a certeza de que mesmo separados por milhares de quilômetros, eles compartilhavam risos, lágrimas e histórias, encontrando acolhimento na conexão que o amor proporciona.
Então, enquanto o mundo lentamente se recuperava da pandemia e as fronteiras começavam a se abrir novamente, Mari começou a recalcular seus planos.
Convidou o namorado para embarcar junto no Brasil para passar as férias com a sua família no interior de São Paulo. Ele aceitou, mas acabou ficando doente no meio do caminho e não conseguiu a acompanhar, por conta das altas despesas com a saúde.
Mas, a vontade de encontrar a família foi tanta, que na primeira oportunidade ela desembarcou no Brasil. Encontrou muitas coisas diferentes, os pais morando em outra casa, a irmã mais nova totalmente solteira e independente e a outra irmã realizada sendo uma mãe amorosa para seu sobrinho de apenas um ano. Sobrinho este, que ganhou uma mala enorme de presentes vindos direto da China e de outros lugares do mundo.
Foi um fim de ano mais que incrível, mas ela precisou voltar. O trabalho em Xangai e os novos planos ao redor do mundo com seu canadense estavam esperando por essa brasileira apaixonada por viver novas experiências.
Mas, antes de ir, ela deixou um recado. Agora, pelo menos uma vez ao ano, ela desembarca no lugar onde chama de lar e recarrega suas energias para quem sabe um dia para sempre ficar.
Se você gostou de conhecer essa crônica de uma brasileira que escolheu viver na China, não perca tempo e compartilhe a história com outras pessoas que possam se interessar!
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*Por questões de privacidade, utilizamos nomes fictícios para contar esta história.